Vencendo o Desafio da Aprendizagem nas Séries Iniciais - A experiência de Sobral - CE

RIBEIRO, Vanda; GUSMÃO, J. B. B. . Vencendo o Desafio da Aprendizagem nas Séries Iniciais - A experiência de Sobral-CE. 2005.

Este texto, através do projeto “Boas Práticas na Educação” e a experiência de Sobral, vem demonstrar que é possível fazer um trabalho positivo na educação brasileira, principalmente quando o interesse de um todo não é suplantado ao de alguns.
O município de Sobral, no Ceará, uniu professores, alunos e a própria sociedade num movimento admirável em favor daqueles que precisavam aprender a ler e escrever, de modo que fizessem parte efetivamente do rol dos cidadãos brasileiros. Criou condições por meio de mudanças estruturais na prática e gestão do ensino com parcos recursos financeiros priorizando a educação infantil, isto é, a alfabetização nas séries iniciais.
Com base no direito à aprendizagem, no qual “Todas as crianças têm capacidade de aprender, independentemente de suas condições sociais”, foram criados três grandes pilares: mudança da prática pedagógica, fortalecimento da autonomia da escola e monitoramento dos resultados de aprendizagem com base em indicadores. Além do estabelecimento das metas:
1. Alfabetização do conjunto de crianças de 6 e 7 anos de idade.
2. Alfabetização, em caráter de correção, de todos os alunos de 2a a 6a
série que não sabem ler.
3. Regularização do fluxo escolar no ensino fundamental por meio de
ações que garantam as condições necessárias à aprendizagem.
4. Redução do abandono para percentual inferior a 5%.
5. Progressiva universalização e qualificação do atendimento da educação
infantil.
6. Reestruturação do sistema de ensino das séries terminais do ensino
fundamental.
7. Progressivo atendimento à alfabetização de todos os jovens e adultos
que ainda não sabem ler.
Na execução das estratégias da política de alfabetização, coube às
escolas a responsabilidade por:
• Fazer com que todos os alunos de 1a a 4a série passassem por
processos de avaliação externa da aprendizagem.
• Selecionar criteriosamente os professores que trabalhavam com
alunos em alfabetização.
• Oferecer os cuidados específicos e acordados com a Secretaria de
Educação para solucionar o problema dos alunos que, apesar de já
estarem cursando da 2a a 4a série, ainda não sabiam ler.
• Avaliar continuamente os resultados alcançados, com base em
indicadores.
• Acompanhar a execução do projeto pedagógico voltado para a
alfabetização dos alunos.
• Mobilizar as famílias, sobretudo para que se responsabilizassem
pela freqüência dos alunos às aulas e pelo acompanhamento de sua
aprendizagem na escola.
A Secretaria de Educação se responsabilizou por:
• Definir metas e diretrizes gerais.
• Disponibilizar às escolas os insumos necessários ao desenvolvimento
do projeto pedagógico.
• Promover formação continuada do professor alfabetizador para a
boa execução de seu trabalho.
• Oferecer incentivos financeiros às escolas e ao professor
alfabetizador.
• Fomentar a cultura do monitoramento nas escolas.
• Acompanhar os resultados alcançados pelas escolas por meio dos
indicadores selecionados.
• Contratar e coordenar, sistematicamente, o serviço de avaliação
externa da aprendizagem das crianças.
De modo a reforçar suas bases institucionais, a Secretaria de Educação agiu da seguinte forma:
1. Ampliou o ensino fundamental de oito para nove anos, a fim de
garantir a alfabetização de todos os alunos após dois anos de escolarização,
caso esta se iniciasse aos 6 anos de idade.
2. Nucleou as escolas da zona rural, buscando uma administração mais
eficiente da rede e o acesso de todas as crianças a uma melhor formação
educacional e cultural.
3. Fez um acordo com a Secretaria Estadual de Educação do Ceará
visando assumir, progressivamente, a responsabilidade pelo ensino
fundamental.
A rotina da sala de aula foi então reorganizada de modo que várias
atividades fossem realizadas de acordo com horários preestabelecidos,
norteadas por dez princípios:
1. A criança precisa falar.
2. A criança precisa agir.
3. A criança precisa brincar.
4. A criança precisa ter limites.
5. A criança precisa trabalhar em grupo.
6. A criança precisa desenhar.
7. A criança precisa ouvir histórias.
8. A criança precisa contar histórias.
9. A criança precisa ler e escrever.
10. A criança precisa ser estimulada.

“Com as novas estratégias, a rede municipal de educação de Sobral multiplicou por dois, pelo menos, sua capacidade de fazer com que as crianças das séries iniciais do ensino fundamental aprendam a ler e escrever; conseguiu matricular 100% das crianças de 7 anos de idade no ensino fundamental; e as taxas de distorção idade-série e de abandono caíram da 1a à 5a série.” (Assessoria de Imprensa do Inep)

Todos esses procedimentos, além do investimento na formação de professores, um incentivo salarial para os que alcançassem a meta estipulada, assim como o método de avaliação externa - a quebra de algumas resistências, entre outros fatores não menos importantes, permitiram que o trabalho produzisse resultados positivos. Isso mostra que a educação brasileira, pode sim, recuperar-se dos graves problemas pelos quais tem passado. Educar e "educar-se" ainda é a melhor solução.

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