Quando soube que deveria escrever um memorial para a disciplina de E.E.P.P.IV, do curso de Pedagogia na FEBF/UERJ, fiquei um tanto quanto apreensiva. A expressão não me soou muito bem, afinal, no auge dos meus 50 anos escrever um memorial, parecia na verdade a transcrição de um epitáfio. Estranha sensação!
Depois de acostumar-me ao fato e amenizar o peso da palavra memorial, travestindo-a de saudades com minhas lembranças vivas, achei que poderia tentar dar-lhe a conotação que a expressão requer. Talvez tenha que dividi-la em algumas etapas, afinal, são "apenas" cinqüenta anos...
Primeira parte:
Nasci no atual estado do Rio de Janeiro, antigo estado da Guanabara, sou a primogênita de cinco irmãos, e como tal sempre me coloquei na posição de defensora da prole, responsável pelo bom funcionamento da família. Após a separação dos meus pais, nos mudamos para São João de Meriti, e lá entre quatro e cinco anos de idade iniciei minha vida escolar, com uma amiga de minha mãe que lecionava em casa. Relembrar essa experiência é realmente gratificante, pois adorava a novidade.
Anos 60, mais exatamente 1964, marcante em todos os sentidos. Vários acontecimentos históricos poderiam ser citados, mas o que teria maior importância em nosso contexto foi o golpe militar e a ditatura resultante deste episódio. Na verdade, desta época, minhas memórias são apenas as reportagens que ficaram arquivadas e contadas na história. Lembro-me apenas que sentava em uma cadeira enorme e quase não alcançava a mesa de estudos. Precisava usar uma grande almofada para conseguir alcançar a mesa e escrever. Aprendi assim a juntar as primeiras letrinhas. Tempos de descobertas!
Pouco tempo depois (talvez um ano apenas), estreei o COLÉGIO SUMARÉ recém inaugurado próximo a minha casa, era então GINÁSIO SUMARÉ. Nesse colégio tive o privilégio de construir minha vida escolar até o segundo grau (ensino médio) e viver aventuras maravilhosas.
Sempre fui muito curiosa culturalmente, adorava estudar e participar de todas as tarefas que envolviam arte e cultura. Desfilei nas apresentações de 7 de setembro com a banda do colégio tocando tarol, instrumento de percussão da família da caixa. Participei do coral da escola em atividades de canto. Representei alguns papéis nas atividades de teatro. Fui também porta-bandeira nos desfiles de 7 de setembro, como responsável pela bandeira do município, fato que me encheu de orgulho. Devo acrescentar que sou tímida, porém atrevida...
Gostava muito de português e literatura, e em uma fase de descoberta pelo gosto de escrever, participei de um concurso de poesias incentivada pelo meu professor Jorge de Andrade, ficando em terceiro lugar, recebendo uma linda medalha da qual me orgulhei profundamente.
Mas, por esses desvios do destino em que nossos caminhos nem sempre nos levam aonde queremos, tendo que trabalhar muito cedo, precisei fazer o curso de Contabilidade (naquela época, segundo grau técnico profissionalizante) para auxiliar na função que exercia, deixando as poesias escondidas nos diários da vida. Não concluí o curso de contabilidade, parei quase no final porque o colégio passava por dificuldades e acabou fechando, transferindo seus alunos para outro bem mais distante. Decepcionada, tranquei a matrícula, pois não tinha condições de continuar.
Nesse período me entreguei ao trabalho, à família e aos preparativos para o casamento que, aos vinte e um anos de idade veio a acontecer. Fase de lua-de-mel, dedicação à vida de casada e ao trabalho, o retorno às aulas ficaram em segundo plano. Mudei-me para Duque de Caxias, e aos vinte e cinco anos tive minha primeira e única filha, nessa época por conta de problemas de saúde do meu esposo, precisei trabalhar em casa, utilizando os conhecimentos de modelagem e corte e costura, de cursos que havia feito anteriormente. Concluir os estudos se tornava um sonho cada vez mais distante.
Segunda parte:
Em 2003, aos quarenta e quatro anos, sentindo enorme necessidade de me atualizar, e ávida por conhecimento, consegui retomar os estudos. Refiz o então ensino médio no CES (Centro de Estudos Supletivos), com a educação para jovens e adultos. Período maravilhoso que, mesmo com todos os problemas vivenciados, foi de refazimento, descobertas, grandes amizades e renovação de votos com a arte. Tive que interrompê-lo algumas vezes por vários problemas, alguns de saúde, mas não desanimei, retomando-o no ano de 2006. Parecia ter chegado o meu momento.
No CES além do ensino médio, fiz concomitantemente o curso de desenho e pintura em tela com a professora Macaf que, juntamente ao professor e diretor Miguel, a professora de Português e Literatura Terezinha, e mais alguns amigos, aos quais agradeço imensamente, me incentivaram a fazer um curso pré-vestibular para tentar a carreira universitária.
No ano de 2007, enquanto finalizava o ensino médio no CES, fiz o pré-vestibular comunitário na UERJ, e no final do mesmo ano tentei o vestibular, como experiência, para as faculdades federais e a estadual do Rio de Janeiro, UFF, UFRJ e UERJ, nos cursos de Serviço Social e Pedagogia, respectivamente. Para minha surpresa fui aprovada nas três!
Iniciei minha carreira universitária em 2008, resolvendo optar por duas faculdades, pois como eu disse, sou um tanto quanto atrevida. Entrei no primeiro semestre na FEBF/UERJ no curso de Pedagogia, e no segundo semestre na UFRJ em Serviço Social, para então decidir em qual me adaptaria melhor. Hoje, aos cinqüenta anos de idade, apaixonada pelos dois cursos, estou no quarto período de Pedagogia e no terceiro em Serviço Social. Espero evidentemente ter saúde, força de vontade e condições de levar à frente as carreiras que optei, sem prejuízo para ambas, mas principalmente, com o objetivo de exercê-las conscientemente e com responsabilidade, somando os conhecimentos em busca de um bem maior, em benefício do todo.
Desafio
Caminha, vá!
Segue tua sina,
Desvenda teu mistério,
Procura teu lugar.
Ousa decifrar-te,
Encara teus medos,
Aguça teus sentidos,
Sobreponha-te à dor.
Declara guerra acirrada
Aos teus maiores defeitos.
Vença a ti!Teu inimigo maior.
Observa teu céu,
Vês!
Celeste é a imensidão,
Onde depois da jornada,
Vencidas todas as batalhas,
Reluzirás entre tantos,
Poucos reflexos de luz.
R.Cássia
(Abril 2007)
Este foi meu primeiro quadro!
(Baía de Guanabara, Óleo sobre tela, 40x50)
3 comentários:
Rita, adorei o seu memorial! Mostrou bem a sua tragetória de vida e como você é determinada. Muito legal.
Parabéns!
Deixo aqui a frase de abertura do meu blog,pois tem tudo a ver c/ vc...
"O que vale na vida não é o ponto de partida, mas sim a caminhada.(...)"
ADOREI, VC É D+!!!
Navegando sem ruma com a intenção de divulgar o meu blog, cheguei até você e gostei do que vi, tanto que pretendo voltar mais vezes. No momento estou impedida de fazer leituras muito extensas, pois a claridade da tela do computador está prejudicando um pouco a minha visão, devo tomar cuidado. Em breve resolverei esse problema. Bem, já que estou aqui aproveito para convidar a conhecer FOI DESSE JEITO QUE EU OUVI DIZER... em http://www.silnunesprof.blogspot.com
Se gostar, siga-me.
Por hoje fico por aqui, Espero nos tornarmos bons amigos.
Que a PAZ e o BEM te acompanhem sempre.
Saudações Florestais !
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Fico muito feliz com sua visita e seu comentário.
Obrigada,venha sempre que puder.
Mil Bjks!